quinta-feira, 18 de junho de 2009

caranazal

segunda-feira, 15 de junho de 2009

depois da chuva
o movimento lento
das folhas ao vento

quarta-feira, 20 de maio de 2009

paralelos

nem tapajós, nem tejo
às margens do rio tietê
o trânsito selvagem

uma estação após a outra
os trens permanecem lotados

sexta-feira, 8 de maio de 2009

chuva mansinha
o sol bate de esgueio
a paisagem brilha mais

quinta-feira, 7 de maio de 2009

voo

fim da tarde
urubus tomando banho
na poça suja

anoitece ...
a revoada de urubus
pra mais de cem


depois da chuva
os alunos da manhã
cadê ???

terça-feira, 5 de maio de 2009

alguns




sol do meio dia
a libélula e sua sombra
na rua deserta

algumas poucas
folhas secas caem
antes da chuva

segunda-feira, 4 de maio de 2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

caqui

resolvi trazer de são paulo duas caixas de caqui para mostrar pro povo daqui.
as mais de 100 frutas chegaram em bom estado, prontas para o consumo, e foram servidas na merenda das crianças da escola comunitária do cajueiro que divide o espaço com o ponto de cultura, acompanhadas de uma pequena história acerca da fruta.
a cultura tem um gosto local. a sensação de experimentar o novo. provar um sabor doce e colorido. o aqui e o agora estão por aí, por aqui, por onde passar. cabe a cada um de nós a atenção de reparar, estar aberto ao novo, todo dia, de novo.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

a cidade está cheia


novamente





antes flores
hoje os frutos maduros
abençoado jambeiro

uns gostam, outros não -
do gosto doce do caqui
trazido de longe



cidadezinha ( )
portas e janelas abertas
sorriso de pronto

quinta-feira, 23 de abril de 2009

agradecimento especial

para Teruko Oda: pelos 25 livros de haicai doados para o projeto

sábado, 18 de abril de 2009

alter-do-céu




ida e volta
um dia após o outro
entardecer

sexta-feira, 20 de março de 2009

borboleta branca
na flor azul
mínimas ao máximo

segunda-feira, 16 de março de 2009

a noite cai -
todos os grilos começam
uma sinfonia

nuvens negras -
de repente um vento frio
e a chuva grossa

o velho príncipe
não pretende molhar os pés
nas águas do tapajós

quinta-feira, 12 de março de 2009

mais

quem assovia
de dentro da moita
na noite escura

dia que se vai
por todo canto, o cheiro forte
da terra molhada

lua enevoada -
na outra margem do rio
a paisagem oculta

terça-feira, 10 de março de 2009

3 haicais

tinge de ouro
as águas do tapajós
dia que se vai

ao cair da tarde
a nuvem é o dragão
que cospe fogo

piquiá na mesa
café e farinha acompanham
o papo do caboclo

domingo, 8 de março de 2009

abençoado seja
os frutos deste rio -
minha refeição
a praia do alter



o ponto de cultura



um pedaço do bolo de aniversário de alter



o estouro da pistola



pescador desfocado com filtro plástico

quinta-feira, 5 de março de 2009

amanheceu chovendo
todas as flores carecem
permanecer fechadas
chove sem parar
- o tempo passa mais lento
nas ruas vazias

quarta-feira, 4 de março de 2009

3 X 3 = 9 é a prova

chegar e sentar de frente para as infinitas mangas verdes dependuradas que caem eventualmente, são filhas da velha mangueira ... penso que a queda é ocasionada pela sorte daqueles que ali transitam.
aproveito para sorver um copo de suco de cupuaçu gelado, isso faz com que nenhum outro lugar no mundo exista, apenas e principalmente : aqui, agora!

rodou, rodou, rodou
a manga verde que caiu
na praça do alter

abençoado seja
o fruto deste rio -
minha refeição

terça-feira, 3 de março de 2009

chegada

depois de pousar e decolar algumas vezes, chegar em alter-do-chão é uma verdadeira bencão!
esse clima paraense se soma a receptividade das pessoas. nem dá vontade de nada. só observar o tempo e as crianças que se divertem, alheias aos problemas e felizes, assim como estou agora.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

a arte que
imita a vida
a vida que é arte
em toda parte
é filme
é fim de tarde
repare
desperte
dispare
que é arte
o que a gente
reparte

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

LEMINSKI 4ever

soprando esse bambu
só tiro
o que lhe deu o vento

verde a árvore caída
vira amarelo
a última vez na vida

casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo

tarde de vento
até as árvores
querem vir pra dentro

tudo claro
ainda não era o dia
era apenas o raio

jardim da minha amiga
todo mundo feliz
até a formiga

diversos haicais de paulo leminki

sábado, 7 de fevereiro de 2009

maravilhas



tarde cinza
toda azaléia
arde em rosa

primeira estrela Vésper
véspera do que se espera
vira primavera

janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa

alice ruiz in desorientais

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

auto-retrato

Colar de Carolina

Com seu colar de coral
Carolina corre
por entre as colunas da colina

O colar de Carolina
colore o colo de cal
torna corada a menina

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina
põe coroas de coral
nas colunas da colina

***********

Tanta tinta

Ah! menina tonta,
toda suja de tinta
mal o sol desponta!
(Sentou-se na ponte,
muito desatenta...
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta?
com tanta tinta?...)
A ponte aponta
e se desaponta.
A tontinha tenta
limpar a tinta,
ponto por ponto e
pinta por pinta...
Ah! a menina tonta
Não viu a tinta da ponte!

cecilia meireles in ou isto ou aquilo

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

lua de verão
na próxima estação
serás a mesma?


sábado, 31 de janeiro de 2009

relatório janeiro 2009


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Justificativa para escolha do Ponto de Cultura

Alter do Chão é uma vila situada no interior Pará, às margens do Tapajós, com aproximadamente 5.000 moradores, e que tem no Ponto de Cultura da OCA um espaço para troca de experiências e aprendizagem.
A OCA oferece atividades regulares nas áreas de Inclusão Digital, Música, Dança, Teatro e Meio Ambiente conta com uma Biblioteca cujo objetivo maior é garantir que a comunidade de Alter do Chão tenha o acesso à informação e comunicação através de consulta e empréstimo de livros e o acesso grátis a Internet fazendo a inclusão digital na comunidade.
O projeto HAICAI E FOTOGRAFIA vem somar a essa iniciativa a possibilidades de ampliar o conhecimento da comunidade nas áreas de fotografia e literatura, mobilizando as pessoas a renovar e experimentar outras práticas de olhar para o mundo, e com isso valorizar ainda mais o meio e a cultura local.
A idéia é aproveitar parte do tempo da residência para capacitar agentes formadores de modo a agregar as novas atividades ao currículo regular da OCA. Será possível vincular o projeto à Escola do Cajueiro, que atende todas as crianças da comunidade, e assim disseminar o saber para todos os interessados, aproveitando a penetração e dando maior suporte a iniciativa do Ponto de Cultura.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Justificativa do projeto

Atualmente, com o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação, cada vez mais o indivíduo tem a possibilidade de ampliar seu conhecimento nas mais diversas áreas e de expressar livremente o seu saber, a sua cultura, atingindo um potencial infinito de redes.
Muito utilizado para fazer pesquisas, o computador serve de meio para propagar toda e qualquer iniciativa cultural de forma tão democrática que certamente deve influenciar a nova estrutura geopolítica das próximas gerações. Hoje, divulgar um vídeo, uma foto, em texto, está bastante acessível graças iniciativas de inclusão digital nas comunidades e escolas, permitindo à nova geração de brasileiros ter contato, através da internet, com comunidades de todo mundo.
Utilizar a web para promover cultura, estimular o intercâmbio de idéias e conhecimento é ampliar sobremaneira os potenciais da comunidade; a idéia é criar interesse e gerar conteúdo por meio de duas práticas antigas, originais de culturas tão diferentes, que tem em comum o fato de capturar o instante a fim de eternizar o efêmero e passageiro, neste momento conceitos como os de transitoriedade e atemporalidade, servem para criar um refinamento no trato da linguagem, no caso do haicai, e da imagem, na fotografia.
A proposta do projeto é sua maior justificativa, visa:
Aguçar a percepção
Estimular a criatividade pela palavra e pela imagem
Exercitar a escrita e a estética
Preparar os participantes para contemplar a natureza com um olhar diferenciado
Integrar diversos temas a fim de sensibilizar os jovens para o processo criativo
Valorizar os potenciais da comunidade e do meio ambiente
O presente projeto se justifica ainda por se tratar de iniciativa inédita, criativa e multidisciplinar, aliar literatura e fotografia para transmitir conceitos que passam pela história, geografia, meio ambiente, química, física e tantos outros que podem se somar aos temas propostos.
É importante porque propõe uma interação cultural ampla, tanto pelo contraste entre o vínculo urbano da proponente e o interior comunitário do ponto de cultura escolhido, quanto por agregar duas artes distintas, haicai e fotografia, formas antigas de comunicação e expressão, que um dia foram importadas e hoje estão amplamente associados a produção cultural do Brasil, temos poetas e fotógrafos reconhecidos internacionalmente mostrando seu olhar para o mundo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


domingo, 25 de janeiro de 2009

Os dez desmandamentos do haicai

por Ricardo Silvestrin


1. O haicai não é a revelação de algo concreto, mas abstrato. Através de elementos concretos - as palavras -, ele nos revela algo abstrato, o haimi.


2. O haimi é o grande barato do haicai. É uma percepção ou um sentido que damos a algo e que queremos compartilhar com os outros através da linguagem, que é num primeiro momento expressão e logo a seguir comunicação.

3. O haimi é encontrado através do estado meditativo.

4. Estado meditativo é quando estamos receptivos. Quando a mente está serena e surge uma espécie de observador silencioso. A mente não atrapalha, não se interpõe.

5. O estado meditativo independe do objeto de meditação. Pode ser qualquer coisa: a natureza, a natureza humana, o cotidiano, as idéias e até a linguagem. De qualquer coisa vista do ponto de vista meditativo pode se extrair haimi.

6. Assim, o haicai nasce de algo que é objeto de um ato meditativo. Esse objeto nos é apresentado não para enxergarmos ele mesmo, mas o que o autor viu nele e quer compartilhar com o leitor.

7. Os recursos formais próprios da poesia são válidos na medida em que estão em função de nos revelar o haimi. Assim, não há elementos a priori válidos ou inválidos. Em cada haicai, acharemos o meio formal. Imagens, recursos sonoros, jogo de palavras, enfim.

8. Os recursos formais do gênero, como o terceto, a métrica, a relação entre os versos, permanecem, mas são objeto, ao longo do tempo e da cultura em que o haicai se dá, de crítica e até de transformação. Desse ponto de vista, a métrica em nossa produção de haicai contemporâneo passsou a ser questionada, uma vez que nada soma para se obter o haimi. Por outro lado, um haicai com métrica ou rima, pode ser apenas uma opção de estilo, que nada compromete o barato do haimi. Se tem haimi, os aspectos formais externos (métrica, rima) passam despercebidos e tê-los ou não é uma questão de gosto. Não está aí o haimi. Quando o haimi é maior, não há o perigo deles chamarem a atenção para si e desviar do haimi. Pelo contrário, podem, pela sonoridade, reforçar a percepção do haimi, criando um ambiente estético mais agradável, não tão árido (penso mais na rima do que na métrica).

9. Não há haicai sem recurso formal. O haicai não é a coisa em si do mundo. A coisa em si não tem sentido nenhum. É impossível falar das coisas como elas mesmas falariam se pudessem. Elas não podem. É o nosso olhar sobre elas que produz o haicai. O que a estética do haicai nos ensina é a falar sem complicar. É achar algo sutil a partir das coisas. Assim, haverá sempre um recurso formal: descrever uma situação específica e não outra é um deles, selecionar algo que tem um paradoxo é outro e assim por diante.

10. A transitoriedade de tudo é uma das coisas que se percebe em estado meditativo. O kigô, portanto, só é válido se revelador de haimi.


Alguns haicais:


Alto da serra --
Passa sobre a terra arada
A sombra das nuvens.

Paulo Franchetti

Aqui, basta a nós vermos uma imagem. O recurso formal é a descrição para percebermos o belo movimento das nuvens passando pelo chão, através da sombra, "arando" a terra. Existe em função do haimi, que é visualizarmos, através das palavras, o movimento. Assim, ficaremos no mesmo estado meditativo que permitiu ao autor enxergar um grande barato nisso tudo.


apaixonada
apaixotudo
apaixoquase

Alice Ruiz

Aqui, o estado meditativo permitiu ao autor ser um observador descolado da linguagem. A linguagem foi o objeto de sua meditação. Deste modo, percebeu que dentro da palavra apaixonada havia o nada e criou três outros finais/sentidos que juntos com o original mostram os três estágios da paixão. O recurso formal é o do neologismo, que existe em função de percebermos o haimi, o grande barato de ver a palavra paixão, que passa a ser objeto meditativo tanto quanto as nuvens do haicai acima.


cerveja na beira da praia
mesmo inclinado o copo
espuma

Ricardo Silvestrin

Aqui, a espuma que aparece é a do mar. O haimi é a percepção de que é impossível tomar cerveja na beira da praia sem espuma, pois se não houver a espuma do copo, haverá sempre a do mar. O estado meditativo percebeu na relação entre a linguagem e o mundo uma palavra que serve para duas coisas numa situação concreta. O barato é ver que elas se encontraram numa situação de verão e os seus significados no poema se conflituam pois há apenas um significante.


admirável
aquele que diante do relâmpago
não diz: a vida foge

Bashô

Aqui, o objeto de meditação é a linguagem. Uma comparação banal é alvo de crítica do mestre. O haimi é "não seja o bobo da linguagem". Ela pode levar você a dizer muita besteira. A linguagem em estado não-meditativo, é claro.


sinos do centro
o som não vem da igreja
vem de dentro

João Ângelo Salvadori

Aqui, o haimi é partir de um som dos sinos que se misturam entre o presente e o passado. O som do presente evoca o passado. Ou o som emerge mesmo do passado para o presente. Ou os sinos estão silenciosos e o som vem de dentro do autor. Bota estado meditativo nisso. O recurso formal é oposição entre o dentro e o fora através das palavras dentro e centro, mas elas se aproximam tanto que centro pode estar siginificando desde o início dentro (sinos de dentro). A rima iguala os dois. Há sons por todo o poema, s, c, vem/vem, dentro/centro. O haimi é o som.


tarde de vento
até as árvores
querem vir pra dentro

Paulo Leminski

Aqui, o haimi é a imagem de desepero das árvores agitadas ao vento, que está apenas sugerida no poema. Pode haver também folhas e galhos de árvores voando para dentro de casa, acompanhando o movimento das pessoas. O recurso formal é o comentário que revela uma imagem. A rima não perfeita vento/dentro só deixa o poema mais sonoro, aproxima pelo som o sentido de fora (vento) e dentro e não compete com o haimi. Ao contrário, o reforça.


Muitas das afirmações partiram de reflexões de Paulo Franchetti, a quem agradeço por me fazer pensar essas meio-respostas, meio-perguntas.


Leia também: Os dez mandamentos do haicai

in www.kakinet.com/caqui/desmandamentos.shtml

sábado, 24 de janeiro de 2009

Os dez mandamentos do haicai

por Goga Masuda


I - O Haicai é poema conciso, formado de 17 sílabas, ou melhor, sons, distribuídas em três versos (5-7-5), sem rima nem título e com o termo-de-estação do ano (kigô).

II - O kigô é a palavra que representa uma das quatro estações, primavera, verão, outono e inverno; p. ex., IPÊ (flor de primavera), CALOR (fenômeno ambiental de verão), LIBÉLULA (inseto de outono) e FESTA JUNINA (evento de inverno).

III - Cada estação do ano tem o próprio caráter, do ponto de vista da sensibilidade do poeta; p. ex., Primavera (alegria), Verão (vivacidade), Outono (melancolia) e inverno (tranqüilidade).

IV - O haicai é poema que expressa fielmente a sensibilidade do autor. Por isso,

* respeitar a simplicidade;

* evitar o "enfeite" de "termos poéticos";

* captar um instante em seu núcleo de eternidade, ou melhor, um momento de transitoriedade;

* evitar o raciocínio.

V - A métrica ideal do haicai é a seguinte: 5 sílabas no primeiro verso, 7 no segundo e 5 no terceiro; mas não há exigência rigorosa, obedecida a regra de não ultrapassar 17 sílabas ao todo, e também não muito menos que isso. E a contagem das sílabas termina sempre na sílaba tônica da última palavra de cada verso.

VI - O haicai é poemeto popular; por isso usa-se palavras quotidianas e de fácil compreensão.

VII - O dono do haicai é o próprio autor; por isso, deve-se evitar imitação de qualquer forma, procurando sempre a verdade do espírito haicaísta, que exige consciência e realidade.

VIII - O haicaísta atento capta a instantaneidade, qual apertar o botão da câmera.

IX - O haicai é considerado como uma espécie de diálogo entre autor e apreciador; por isso, não se deve explicar tudo por tudo. A emoção ou a sensação sentida pelo autor deve apenas sugerida, a fim de permitir ao leitor o re-acontecer dessa emoção, para que ele possa concluir, à sua maneira, o poema assim apresentado. Em outras palavras, o haicai não deve ser um poema discursivo e acabado.

X - O haicai é um produto de imaginação emanada da sensibilidade do haicaísta; por isso, deve-se evitar expressões de causalidade, sentimentalismo vazio ou pieguice.

in www.kakinet.com

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

FOTOGRAFIA E HAICAI - MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA

O respeito ao meio ambiente, a compreensão dos ciclos naturais e a sensibilidade para com natureza aumentam na medida em que o participante amplia sua observação e percepção do universo, e a partir desta apreensão passa a fazer um relato poético do instante. No terreno da poesia, praticando haicai estamos semeamos e cultivamos o amor pela natureza .
De forma complementar, a fotografia - recorte de imagem que retrata o aqui e agora - reforça os conceitos apreendidos do haicai, e possibilita uma ampliação do foco e das possibilidades de interação entre arte e meio ambiente.
Por outro lado, o avanço da tecnologia digital e da internet vai permitir que a produção de imagens e poesia seja continuamente publicada, com a criação de um fotoblog da comunidade e em outros sites disponíveis, onde a troca de informações é infinita.
Como numa colcha de retalhos o tempo se desenrola em espiral e conceitos ancestrais se mesclam, se costuram e se apropriam daquilo que há de mais moderno, a amplitude da comunicação, que reverbera mas deve preservar o olhar autêntico de cada indivíduo sobre si mesmo e sobre o ambiente.

domingo, 18 de janeiro de 2009

silêncio antológico

sábado, 17 de janeiro de 2009

antologia do silêncio




飛ぶ鮎の底に雲ゆく流れかな  鬼貫

tobu ayu no soko ni kumo yuku nagare kana

Salta uma truta —
Movem-se as nuvens
No fundo do rio.

Onitsura



手の内に螢つめたき光りかな  子規

te no uchi ni hotaru tsumetaki hikari kana

Na palma da mão,
Um vagalume —
Sua luz é fria!

Shiki



静かさや岩にしみ入る蝉の聲  芭蕉

shizukasa ya iwa ni shimiiru semi no koe

Quietude —
O canto das cigarras
Penetra nas rochas.

Bashô


in kakinet - www.kakinet.com

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

idéia luminosa


foto chema madoz

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

cronograma versão beta teste

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

a idéia é públicar os relatórios no blog

email enviado em 13/01


Prezados,

De acordo com a Cláusula Terceira do Edital Prêmio Interações Estéticas –
Residência Artística em Pontos de Cultura:

“ O (A) CONTRATADO(A) se obriga, desde já, a enviar à CONTRATANTE, mensalmente,
até o 1° primeiro) dia útil do mês subseqüente ao vencido, relatório sobre o
andamento do projeto, devendo o relatório final comprovar o desenvolvimento do
projeto proposto. Todos os citados relatórios serão publicados no site da
CONTRATANTE, visando a dar ampla publicidade ao público em geral. No relatório
final, a ser entregue em até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no item 8.1
do Edital, deverão ser apresentadas as comprovações de realização do projeto e
do (s) produto(s) final (is):

a) descrição e avaliação do projeto, incluindo o perfil do público participante;
b) descrição e avaliação do(s) produto(s) final(is);
c) descrição e avaliação em relação à interação e integração do projeto com a
dinâmica de ações do ponto de Cultura;
d) repercussão nos meios de comunicação (incluindo cópias de matérias veiculadas
e 5 (cinco) exemplares das peças de divulgação);
e) 5 (cinco) fotografias, em meio digital, registrando as atividades do projeto
e a respectiva autorização do (s) autor (es) para veiculação no dite e
publicações da FUNARTE e da Secretaria de Programas e Projetos Culturas (SPPC)
do Ministério da Cultura. “

Dessa forma, vimos informar as datas referentes às entregas dos relatórios
conforme relação abaixo:

Mês de referência Data de entrega
1º Relatório Janeiro Até 02 de fevereiro
2º Relatório Fevereiro Até 02 de março
3º Relatório Março Até 01 abril
Relatório Final Jan. / Fev. / Mar. Até 01 de maio


Ressaltamos que o relatório final não engloba prestação de contas financeira do
projeto, apenas comprovação de sua realização e do produto final.


Cordialmente,

FUNARTE – CEPIN

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Concurso Brasileiro de Haicai Infanto-juvenil

8o Concurso Brasileiro de
Haicai Infanto-juvenil (2009)


O Grêmio Haicai Ipê, o mais tradicional grupo de estudos e prática de haicai no Brasil, promove o 8° Concurso Brasileiro de Haicai Infanto-juvenil com o intuito de incentivar e difundir a prática do haicai entre as crianças brasileiras.

Quem pode participar

* Alunos do Ensino Fundamental ou Médio, com idade inferior a 15 anos.

Condições para participação

* Cada participante poderá concorrer com apenas um trabalho, inédito e de sua própria autoria.
* Tire tantas cópias quantas necessárias do formulário de inscrição e utilize o verso da folha para escrever o haicai e fazer a ilustração. Trabalhos que vierem com o formulário grampeado serão excluídos, pois dificultam o manuseio por parte dos avaliadores.
* Não serão aceitos os trabalhos apresentados sem a assinatura do participante e do responsável (pode ser o professor ou a professora).

Tema

* O tema será Cores e sons do nosso céu.

Instruções

* Oriente seus alunos a observarem, atentamente, os acontecimentos, ocorrências e fenômenos que podem ser vivenciados no decorrer das estações do ano.
* Incentive-o a registrar essa experiência, de imediato, em três linhas de aproximadamente 17 sílabas no total.
* Alguns exemplos:
o As nuvens fofas e leves de primavera; as de verão, bem altas, que anunciam as trovoadas; as escuras, que anunciam a chuva; as nuvens pesadas e sem movimento de inverno; o cumulo-nimbo.
o O céu: azulado no outono, cinzento no inverno, brilhante no verão, a claridade suave da primavera.
o O trovão (ribombo), as trovoadas, o relâmpago, os raios, o arco-íris.
o As tempestades: o toró (pé d’água, aguaceiro), chuva de granizo, as rajadas de vento, o vento cortante, o uivante, a brisa, o vento perfumado.
o O sol, a lua, as estrelas, as alvoradas e os crepúsculos diferentes a cada nova estação.

Encerramento do Concurso (prazo)

* O concurso encerrar-se-á no dia 10 DE JULHO DE 2009, valendo como prova de cumprimento de prazo, o carimbo dos Correios. Atenção: é uma Sexta-feira !

Para onde enviar

* 8o Concurso Brasileiro de Haicai Infanto-juvenil
A/C Teruko Oda
Estrada de Santana, 1659 - Caucaia do Alto
06723-100 - Cotia, SP

Premiação

* Serão conferidos certificados de participação (diplomas) aos autores dos dez melhores trabalhos e seus respectivos professores. A critério da comissão julgadora, poderão ser conferidos certificados também aos selecionados na categoria Menção Honrosa, se houver.
* O relatório final e a relação dos classificados estarão disponíveis para consulta, a partir do dia 10 de agosto de 2009, no site www.kakinet.com/concurso/

Comissão julgadora

* Os poemas serão avaliados por uma comissão formada por membros do Grêmio Haicai Ipê, tendo como coordenadora a professora Teruko Oda (teruko.oda@uol.com.br).

IMPORTANTE

* Os trabalhos devem ser recolhidos e enviados pelas escolas. Não serão aceitas inscrições individuais remetidas pelos alunos.
* Escolas que enviarem mais de um trabalho por aluno serão desclassificadas.
* Favor informar, com clareza, o endereço eletrônico (e-mail) da escola ou do(a) professor(a) responsável para agilizar os contatos e a troca de informações.

Informações

* E-mail: concurso@kakinet.com

Formulário de Inscrição

* Abra o formulário de inscrição
* Imprima em papel sulfite branco tamanho A4
* Se achar mais econômico, imprima apenas um original e tire tantas cópias xerox quantas forem necessárias. Não é necessário imprimir colorido.


Veja também: O que é haicai

in www.kakinet.com

3 traduções

.

tudo que colho
na maré baixa
vem vivo

lua de outono
mesmo caminhando mesmo caminhando
um céu de outro lugar

CHIYO-NI (1701/1775)


mormaço
a criança nas costas
desmancha meu cabelo

SONO-JO (1649/1723)

traduções de alice ruiz
in céu de outro lugar

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Cara Carol

respirar mais fundo
apenas pra sentir o cheiro
da terra molhada

:) atento à força do Prâna
mais um instante de vida

chove na marquise -
aquece o sono do mendigo
um cobertor vagabundo

:) um carrão levanta a sarjeta
dá um banho na vovó

por todos os cantos florescem
ipoméias azuis

:) como é bela a natureza...
sibipirunas... poinsétias

> a pomba suja
> sacia a sede na água turva
> que desce o meio-fio

:) o gato de olho vazado
se aproxima de mansinho (*)

> feliz aniversário -
> há quantos anos não via
> meu velho amigo ?

:) dois coelhos numa cajadada -
Bom Natal! Feliz Ano Novo!


........


:) em parceria virtual com celso pestana (haicai-l/yahoo)

sábado, 13 de dezembro de 2008

FOTOGRAFIA E HAICAI - MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA

O respeito pelo meio ambiente, a compreensão dos ciclos naturais e a sensibilidade para com natureza aumentam na medida em que o participante amplia sua observação e percepção do universo, e a partir desta apreensão passa a fazer um relato poético do instante. No terreno da poesia, praticando haicai estamos seameamos e cultivamos o amor pela natureza .
De forma complementar, a fotografia - recorte de imagem que retrata o aqui e agora - reforça os conceitos apreendidos do haicai, e possibilita uma ampliação do foco e das possibilidades de interação as artes e o meio ambiente.
Por outro lado, o avanço da tecnologia digital e da internet vai permitir que a produção de imagens e poesia seja continuamente publicada, com a criação de um fotoblog da comunidade ou em outros sites disponíveis, onde a troca de informações é infinita.
Como numa colcha de retalhos o tempo se desenrola em espiral e conceitos ancestrais se mesclam, se costuram e se apropriam daquilo que há de mais moderno, a amplitude da comunicação, que reverbera mas deve preservar o olhar autêntico de cada indivíduo sobre si mesmo e sobre o ambiente.


>>

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

a rã de bashô
salta sobre as nuvens -
espelho d'água

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

primavera não nos deixe

" ...

sendas de ôku - a viagem de bashô

luas e sóis (meses e dias) são viajantes da eternidade.
os anos que vêm e se vão são viajantes também.
os que passam a vida a bordo de navios ou envelhecem montados a cavalo estão sempre de viagem, e seu lar se encontra ali onde suas viagens os levam.
os homens de antigamente, muitos, morreram pelos caminhos, e a mim também, durante os últimos anos, a visão de uma nuvem solitária levada pelo vento me inspirou contínuas idéias de meter o pé na estrada...

... quando, em 27 de março, me pus à caminho, havia neblina no céu da madrugada.
a pálida lua matutina tinha perdido o brilho, mas ainda se podia vislumbrar debilmente o monte Fuji. Em Ueno e Yanaka, os ramos das cerejeiras em flor me despertaram pensamentos tristes ao perguntar-me se algum dia os voltaria a ver.
meus amigos mais queridos tinham todos vindo à noite na casa de Sampu, para poder me acompanhar durante o curto trecho de viagem que eu faria em barco.
quando desembarcamos num lugar chamado Senju, a idéia de começar uma viagem tão longa me encheu de tristeza.
de pé sobre o caminho que talvez ia nos separar para sempre nesta vida que é como um sonho, chorei lágrimas de despedida:


primavera não nos deixe
pássaros choram
lágrimas no olho do peixe


..."

(Tradução: Paulo Leminski, in Bashô, a lágrima do peixe, ed. Brasiliense, 1983)

sábado, 6 de dezembro de 2008

FOTOGRAFIA É UMA VISÃO

Fotografar é a arte de enquadar o mundo.
A fotografia evoluiu muito desde a câmera escura até a foto digital tirada de aparelhos celulares e hoje, faz parte do cotidiano das pessoas seja para registrar o momento, o amigo, a família, seja para criar imagens lúdicas, efeitos visuais, e toda a gama de possibilidades que a imagem fixa nos revela.
Nos últimos anos o acesso a uma câmera fotográfica ficou mais fácil, e neste momento passamos a questinar o mito da figura do fotógrafo como o detentor de uma técnica cara e rara, o que permite às pessoas experimentar a liberdade e os efeitos de ser o autor daquele registro.
No Brasil temos paisagens maravilhosas: montanhas, praias, rios, cachoeiras; uma infinidade de plantas, flores, bichos; cidades e gentes diferentes, culturas regionais, arquiteturas típicas. A diversidade do nosso país incentiva o surgimento de novos fotógrafos no mercado, com uma visão bastante apurada, clicando e divulgando nosso país tanto para brasileiros quanto para estrangeiros, valorizando nossas belezas e denunciando as agressões a que são submetidos homens e natureza.
A nova geração se relaciona com a tecnologia digital de forma livre e curiosa, aproveitar essa fertilidade para semear as primeiras noções de enquadramento e estética, é dar subsídio para todos aqueles que buscam se expressar por meio da fotografia de maneira segura e autêntica.
Ampliar a visão, aguçar a percepção, tratar o momento como único e transitório, porque o rio nunca é mesmo, o sol nunca é igual, as nuvens se movem, e tudo isso pode ficar registrado num clic, é como parar o tempo, caçar um bicho, guardar a lembrança de alguém que passou, que cresceu, que ficou, na vida real e na fotografia.

HAICAI É UM CAMINHO

O haicai ou haiku é um gênero de poesia japonesa, com ampla divulgação pelo mundo, em especial no Brasil. É praticado desde 1500 e vem preservando suas características através dos séculos graças ao incansável trabalho dos mestres e seus discípulos. Desperta interesse por agregar poesia e objetividade, por transmitir uma imagem sem descrevê-la racionalmente, deixando espaço para que o leitor compartilhe as sensações.
A aprendizagem do haicai pode ser estimulada a qualquer tempo, em qualquer idioma, por pessoas de todas as idades. Permite aguçar a percepção para a natureza, a passagem do tempo, a mudança das estações. O efêmero e o eterno; a vida e sua transitoriedade.
Comparado às artes marciais, o haicai desembarcou na bagagem dos imigrantes japoneses e, desde então, tem conquistado admiradores.
Exercitar o olhar, notar e anotar. Essa arte que se mantém viva por séculos, ensinada e transmitida dentro da cultura japosesa, atravessou o oceano em busca de novos horizontes e se instalou de vez no coração do Brasil.
O Brasil tem a maior produção de haicais depois do Japão –
O haicai é uma viagem de fora para dentro; é captar a emoção do instante, eternizar o “aqui-agora”; é redescobrir o mundo em seus tempos e as nuances de cada ciclo da vida.
Quem busca o haicai deve estar atento, participar da natureza, ler muito e escrever sempre. De vez em quando, um haicai acontece, e outros mais acontecerão. Cotidianos como flores na primavera; ocasionais como as luas de outono; são estrelas que iluminam a busca por um novo caminho.